Anjo Sem Asas
Jorge Linhaça
Suas asas jazem, ao lado amputadas
angélico ser, caído na terra
que em seu peito resiste e encerra
a paz e a luz de sua jornada
As cicatrizes, nas costas marcadas
sinais antigos de áureas eras
signos de outras tantas primaveras
flores abertas ao longo da estrada
Anjo sem asas, mulher renascida.
No doce olhar aflora a ternura.
Mulher alada, nas asas da vida,
a paz do teu ser nos atos perdura
as asas do amor , jamais incontidas
voa tu' alma, eterna e pura.
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Arandú,14 outubro de 2008
Contatos com o autor:
O Bobo Trovador
Jorge Linhaça
Nos velhos tempos da Média Idade
o bobo era figura importante
das cortes belas, ácido cantante,
brincando podia dizer as verdades
Soltava versos, até destemidos:
Poeta louco! Sem papas na língua.
Ferinas falas, em troças contínuas
a invadir os mais nobres ouvidos.
De bobo o bobo não tinha era nada
poeta arguto, ator perspicáz
sabia de cor as coisas passadas
Soltava a verve de forma loquaz
Sua loucura, tudo disfarçava
mas era o bobo, esperto demais.
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Arandú,13 outubro de 2008
Contatos com o autor:
SAUDADE
Jorge Linhaça
A coluna marmórea, silenciosa,
vil testemunha deste meu sofrer;
pobre suporte da luz do meu ser,
ouve quieta meu choro em prosa.
E se em meus versos souber me expressar
ali estará a pétrea coluna
(a não dizer-me palavra nenhuma)
testemunhando este meu lagar
Dói a saudade, congela-me a alma,
treme meu corpo, suado de frio.
Espinhos cruéis das folhas da palma
São meus adornos, os meus atavios
e se minha dor, no peito se espalma:
queima minh'alma, tal como um brasil.
Arandú,13 outubro de 2008
SUBLIME AMOR
Jorge Linhaça
Sublime amor, esquecido no tempo.
Eternas ondas de pura saudade,
nessa ânsia louca que me invade
quando no céu tua miragem contemplo
Não sei se me dói no peito a saudade
ou se traz à minha alma doce alento
enquanto reencontros eu invento
mesclando sonhos com a realidade
Nessa distância dos corpos febris
nos corre o sangue, qual lavas ardentes
e o nosso rubor é nossa matiz
Por onde andarão teus beijos tão quentes?
Vem, minha amada, fazer-me feliz
c'o doce calor dest'amor pungente.
Arandú, 20 de outubro de 2008
PERFUME DE MAÇÃ
Jorge Linhaça
No ar este perfume tão suave
invade-me no calor da manhã
suave olor de madura maçã
que dadivosa ali se abre
Na boca o gosto de mil desejos;
nos lábios o teu suco a escorrer
depois da fruta rubra percorrer
em mordidas suaves e mil beijos
E nas manhas da ardente manhã
degusto eu a massa da maçã
no desejum de nossos mornos corpos
A suave aurora vem nos anunciar
o esplendor do nosso doce amar
néctar de paixão, servido em teu copo
18/mai/2007
22:55 hs