PICADEIRO DAS EMOÇÕES

 

As Paisagens do Meu Corpo
Jorge Linhaça
 
As paisagens que trag'oje pintadas 
na pele do meu corpo colorido
são marcas do meu tudo e do meu nada
são pinturas dos amores sentidos.
 
As paisagens que trag'oje pintadas
sobre a pele do corpo esvaecido
são marcas de pneus a correr estradas
a gritar por perdão aos meus ouvidos
 
Ainda qu'oje estejam marcadas
na pele do meu corpo colorido
por ferr'em brasa, vão cicatrizadas
 
São pinturas dos amores sentidos
São marcas do meu tudo e do meu nada
à'spera dum amor que seja infindo   
 
Arandu, 26 de fevereiro de 2009
 
 
Bailando ao Poente
Jorge Linhaça
 
Ante os fúlgidos raios do poente
ensaia a sua dança a bailarina
o sol que se vai ainda ilumina
seu corpo que se move lentamente
 
A lembrança dum doce cavalheiro
fraque e cartola à maneira antiga
mágico do amor, ainda a intriga
sombras dum ardor demais verdadeiro
 
E no seu bailar assim eloquente
mostra a entrega do corpo febril
bailando solta à luz do poente
 
Liberta os grilhões, na dança sutil;
expulsa os medos, eternas correntes,
liberta a alma...do jugo servil.
 
Arandú, 1 de fevereiro de 2009

 

 

A CORTINA DO HORIZONTE

Jorge Linhaça

 

Quando ergo a cortina d' horizonte

Distante eu te vejo, aqui no mas

Busco por ti em eterno reponte

Sigo as pegadas deixadas pra trás

 

Em meus devaneios , risco a estrada

Repecho cerros de minha saudade

Respingo do meio da peonada

vejo teus olhos ao cair da tarde

 

Ouço o roncão da gaita pampiana

Soando forte, aqui no meu peito

Paleteo o pingo por uma semana

 

Abrindo cancha nos sonhos desfeitos

Se a tua voz, ao longe me chama

Corto os pagos , a tudo sujeito.